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Narrativas!
Fiz a que se segue em contexto de formação, para aí quase há 2 anos. Não sou boa no que toca à memória e, pelos vistos, nem à organização! Ou não estaria a maior parte do dia a procurar um folheto A5 no meio de edíficios de folhas A4.
A carta já me tinha dito até vezes sem conta que devia postar isto, que até me fornecia a fotografia que lhe mandei na altura.
Tenho de confessar que vou alterar algumas falas e substituir algumas palavras por outras. Porém, mantendo a sua essência.
Tenham em conta que não é nem nunca foi de todo, o meu forte.
Ora, já estou a esticar-me muito.
Eis a dita cuja:
"A raiva e a tristeza encontraram-se no bar "Introspecção Excessiva". Era um bar situado em Viena, sombrio, no meio de um cruzamento ambivalente, – que juntava a Rua da Esperança à do Desalento. Decorria o ano de 1919 e era aquele, na altura, o bar predilecto das emoções.
A tristeza, azul e pálida suspirava, enquanto a raiva, de tez vermelha escurecida, tentava localizar uma vítima para alguma das suas frustrações.
Chegou a alegria de braço dado à memória. A raiva e a tristeza olharam imediatamente de soslaio, tentando prever o que aí viria.
A alegria aprochegou-se de forma desenfreada, fazendo com que o seu corpo composto de lantejoulas douradas chocasse contra o da tristeza, que por sua vez, se encolheu tanto que ficou sem ar.
— Tu és sempre a mesma coisa! – praguejou a raiva, ao mesmo tempo que o vermelho escurecido do seu corpo se esvaía em fumo.
Prontamente a memória colocou água na fervura.
— Vamos ter calma e tentar criar bons momentos entre nós. Afinal de contas, dependemos uns dos outros, queiramos ou não. – disse, um tanto cansada, coberta por um manto de luzes intermitentes.
Todos os dias se originava uma discussão sem que qualquer motivo significativo que o justificasse.
Entrou um senhor no bar. Era o Dr. Freud.
Juntou-se ao grupo das emoções de uma forma despreocupada e sentou-se.
— Queria um shot esquizofrénico, por favor. – pediu quando apanhou um empregado a passar pelo corredor.
Chegou o shot, de cor azul noite, tão depressa quanto foi ingerido.
Freud ficou de cara com aqueles seres e, imediatamente, sentiu o ambiente hostil entre o grupo.
Procurou freneticamente algo nos bolsos e estendeu o seu braço até ao centro da mesa, onde pousou um cartão com uma morada.
— Passem por lá. – sugeriu. Deixou moedas em cima da mesa e foi embora, visivelmente apressado."
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